A Vale e a estratégia das elites para demonizar Dilma
A substituição de Roger Agnelli na presidência da Vale ganhou grande destaque nos noticiários da mídia nacional. Tanto que Miriam Leitão, a “urubóloga” – na linguagem mordaz de Paulo H. Amorim –, foi escalada para disparar uma artilharia pesada contra o governo Dilma.
Seu álibi – subreptício e maroto – foi a “prática lesiva ao interesse público” que estaria na essência do governo petista, de tirar técnicos do mais alto nível da direção de empresas públicas para colocar políticos, transformando-as em ‘cabide de empregos’. Pois bem, resgatemos alguns dados para entender o “alto nível” do ex-presidente da Vale, defendido com bravura pelas elites.
1. – Roger Agnelli se orgulhava de ter formado, com as empresas anglo-australianas BHP Bilinton e Rio Tinto, um poderoso cartel que controla a produção mundial de ferro. É esta a causa do crescimento extraordinário do lucro da empresa, que de 2001 a 2010 conseguiu aumentar o preço da tonelada do minério de ferro de US$ 27 para US$ 190! No mesmo período, o lucro líquido da Vale cresceu de US$ 3,05 para US$ 30,1 bilhões! Isto ajuda a entender e derrubar a lenda da ‘eficiência’ da iniciativa privada relativamente à pública. Cartel, como sabemos, é cartel! É monopólio! O resto é poesia.
2. – A crítica de Lula foi no sentido de que Agnelli tinha transformado a empresa praticamente em exportadora de produtos primários. 40% dos planos de investimentos da Vale é destinado a 39 países. A empresa exporta 90% do ferro produzido, sem valor agregado. Onde ficou o interesse da Vale – sob a direção de Agnelli – em industrializar e desenvolver o País?
3. – Na crise de 2008, a primeira preocupação de Agnelli foi demitir cerca de 1,5 mil trabalhadores da Vale, além de impor acordos lesivos de redução de salários aos que ficaram. Mas, manteve o seu: entre salários e bônus, recebia R$ 16 milhões por ano (R$ 1,3 milhão por mês!).
4. – Quando Lula empreendia um esforço imenso para recriar a indústria naval brasileira, Agnelli, ao invés de ajudar, encomendou à China 12 navios cargueiros dos mais diferentes calados ao preço de US$ 1,6 bilhão! Mais: assinou contrato de 25 anos com a Mitsui para transportar minérios para a China.
5. – Por pouco Agnelli não quebrou a Vale: tentou comprar a multinacional anglo-suiça Xtrata pela bagatela de US$ 100 bilhões às vésperas da crise mundial de 2008. Felizmente o Universo conspirou em favor do Brasil: os acionistas da multinacional desistiram do negócio. Imaginem o prejuízo que adviria: os bancos, como o Lehman Brothers, que financiariam a transação, afundaram na crise.
6. – A Vale vem de há muito burlando o pagamento de R$ 3,9 bilhões de royalties aos estados produtores.
7. – Só para divulgar o novo logotipo da Vale em 2007, Agnelli gastou – com anúncios em jornais e TV’s – mais de R$ 50 milhões! Em 2009, os gastos com propaganda chegaram a R$ 178,8 milhões!
Fica claro o empenho de Miriam Leitão na defesa de Agnelli e na demonização do governo Dilma.
8. – Roger Agnelli, o seu compromisso deveria ser com o Brasil. Nunca foi! Portanto, o senhor já foi tarde!
Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e molecular e vice-prefeito de S. Carlos. Email: depl@df.ufscar.br ABR/2011.
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