ESTE BLOG EXISTE para deixar bem claro à imprensa golpista, o PIG, e à direita hidrófoba que há gente de olho neles!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DISCURSO DE LULA EM CAMPO GRANDE, EM 24 DE AGOSTO DE 2010.




EM 1963, NUM 28 DE AGOSTO, MARTIN LUTHER KING JR. FEZ UM DOS MAIS FAMOSOS DISCURSOS DA HISTÓRIA, DENOMINADO “EU TENHO UM SONHO” – I HAVE A DREAM.

TAMBÉM NO MÊS DE AGOSTO, EM CAMPO GRANDE, NUM TRECHO DE UM LONGO DISCURSO DE CAMPANHA, NUM COMÍCIO, LULA TAMBÉM FAZ HISTÓRIA.


FALANDO DE IMPROVISO, REVELA FATOS E ABRE O SEU CORAÇÃO, PARA FALAR DE PRECONCEITO, PARA FALAR DA ASCENSÃO DE UM METALÚRGICO, UM HOMEM DO POVO, A LÍDER DE UMA NAÇÃO E A LÍDER RESPEITADO MUNDIALMENTE.


REVELA, COM ESSA FALA SIMPLES DE HOMEM DO POVO, A SABEDORIA QUE SE APRENDE COM A INTELIGÊNCIA, COM A SENSIBILIDADE E COM A CAPACIDADE DE VER E ENXERGAR O SEU POVO, PARA GOVERNAR PARA ELE E COM ELE, NUM VERDADEIRO ESPÍRITO DEMOCRÁTICO QUE MUITOS DE SEUS DETRATORES NÃO TÊM.


LEIAM COM ATENÇÃO ESTE DISCURSO, QUE TRANSCREVO ABAIXO.


ACOMPANHE A FALA DO PRESIDENTE NUM DESSES LINKS:



A doença pior que existe na humanidade é o preconceito. E eu sei de quanto preconceito eu fui vítima neste País. Hoje, eu brinco com preconceito. Hoje eu falo “manas laranja” e as pessoas acham engraçado. Mas quando eu falava em 89, eu era um “anarfa”. Porque a ignorância dos que me achavam “anarfa” era de confundir a inteligência com o conhecimento e o aprendizado no banco com escolaridade. A ignorância, a ignorância de algumas pessoas que achavam que só tinha valor aquilo que vinha de fora: é americano, é maravilhoso; é europeu, é extraordinário; é chinês, é fantástico; é japonês, é não-sei-o-que-lá; e se comportavam como se fossem cidadãos de segunda classe ou verdadeiros vira-latas que não se respeitavam e que não tinham autoestima por si mesmos.


Ah! quantas vezes me disseram... Eu lembro, Zeca, como se fosse hoje: uma vez, eu estava almoçando na Folha de São Paulo e um diretor da Folha de São Paulo perguntou para mim: “escuta aqui, ó candidato, o senhor fala inglês?” Eu falei: não. “Como é o que você quer governar o Brasil, se você não fala inglês?” Eu falei: mas eu vou arrumar um tradutor. “Mas assim não é possível, não é possível, o Brasil precisa de um presidente que fala inglês”. Eu perguntei para ele: alguém já perguntou se o Bill Clinton fala português? Mas eles achavam, eles achavam que o Bill Clinton não tinha a obrigação de falar português, era eu o subalterno, o país colonizado, que tinha que falar inglês não eles falar português.


Teve uma hora, Zeca, que me senti chateado e levantei da mesa e falei: eu não vim aqui para dar entrevista, eu vim para almoçar; se isto é uma entrevista, eu vou embora. E levantei, larguei o almoço, peguei o elevador e fui embora.


Vou terminar meu mandato, Zeca, sem precisar ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma televisão. Vou terminar meu mandato. Também nunca faltei com o respeito com nenhum deles. Já faltaram com o respeito comigo. E vocês sabem o que já fizeram comigo. Se dependesse de determinados meios de comunicação, eu teria zero na pesquisa não oitenta por cento de bom e ótimo, como temos neste País.


Eu, companheiros e companheiras, sou um homem que agradeço a Deus pela generosidade que ele teve comigo. E agradeço a vocês, porque um dia vocês tiveram a mesma consciência que a maioria negra da África do Sul teve ao eleger um negro que representava vinte e seis milhões de pessoas que eram dominadas por seis milhões de brancos. Vocês, um dia, tiveram a mesma consciência que os negros da África do Sul que elegeram Mandela para presidente da república daquele país, depois de 27 anos de cadeia. Vocês tiveram consciência de eleger um metalúrgico que tinha perdido muitas eleições porque era igual à maioria do povo. E o povo não acreditava que fosse capaz de dar a volta por cima. O povo não acreditava, porque nós aprendemos a vida inteira que nós éramos seres inferiores... que, para governar este País, tinha que ser usineiro, tinha que ser fazendeiro, tinha que ser advogado, tinha que ser empresário, tinha que ser doutor e mais doutor. Um igual à gente não poderia governar o País. Nós não sabemos governar, muito menos um coitado de um bancário.


Se coloca no seu lugar, bancário, porque esse País é para ser governado por banqueiro e não por bancário. Se coloca no seu lugar, mulher, porque esse País é para ser governado por homem e não por mulher. Se coloca no seu lugar, metalúrgico, porque esse mundo não é para ser governado por aqueles que moram no andar de baixo, mas por aqueles que moram no andar de cima. É assim que a escola ensinou. É assim que a sociologia ensinou. É assim que nos ensinaram a vida inteira. Até que um dia eu, lendo um poema de Vinícius de Moraes – um operário em construção – eu aprendi que um operário poderia dizer não. E quando ele disse não, a lógica perversa que estava montada nesse País...


É verdade que eu perdi três eleições, mas é verdade que já ganhei duas eleições seguidas e vamos ganhar a terceira eleição com essa companheira, mulher, Presidente da República!

Nenhum comentário:

Postar um comentário