Na reta final das eleição o PIG lança novo manual de redação baseado no clássico bebê-diabo.
O que importa é mentir e falar mal da Dilma, do Lula e do PT (e é claro, levar a eleição para o segundo turno):
Diz o manual:
1) Entreviste estelionatários ou bandidos: o que importa é pegar alguma fala bombástica ou denúncia falsa para colocar na manchete.
2) Entreviste um ex-presidente decadente que tenha inveja e ódio do atual governo, do PT e da Dilma e peça comparar lula com ditadores, isso dá manchete.
3) Procure qualquer documento ou fato que possa ser manipulado ou seja falsificado, não tem problema usar fichas falsas, ou documentos falsos, o importante é a manchete, depois de publicada a matéria cada um com seus problemas.
4) Use táticas de inverter números ou manipulá-los para criar algum escândalo.
5) Procure saber o passado da candidata, dos seus familiares e dos seus assessores e dos familiares dos assessores, provavelmente você vai encontrar alguém que possa ter feito alguma coisa errada no passado e isso dá manchete.
6) Aumente: quem conta um conto aumenta um ponto, nesse caso é necessário aumentar mais.
7) Pegue documentos oficiais e faça todo tipo de distorções, também deve-se omitir pontos positivos, lembre-se que o que nos interessa são os pontos negativos.
9) Se você conseguiu criar a manchete com a grave denúncia. Parabéns! Agora você deve requentá-la para que dure mais, pode ser um novo documento falso, pode ser um novo personagem de preferência algum estelionatório, etc.
10) Aumente sua rede de relacionamento e troque informações com jornalistas de outros veículos, porque assim a mentira irá repercutir mais.
11) Fale bem do Serra e suas realizações, peça para ele falar mal do governo, da candidata do PT, do Lula e do próprio PT e coloque nas manchetes.
12) Lembre-se que a mentira não precisa ser bem contada e não é necessário provas, o que importa é o estrago causado, derrubar ministros, diretores de empresas estatais. Dessa forma estaremos no caminho de levar José Serra para o segundo turno.
Assim funciona a mídia golpista!
O caso do sigilo fiscal, reedição da fraude do “bebê-diabo”
Fonte: Carta MaiorEm 1975, o diário paulista “Notícias Populares”, do grupo Folha, sustentou por quase 30 dias uma notícia forjada em torno de um tal “bebê-diabo”, que multiplicou a tiragem do jornal.
Quando o público começou a se cansar, o jornal anunciou a fuga do “bebê-diabo” – e encerrou o assunto.
O episódio atual em torno do sigilo fiscal repete o embuste, um clássico do jornalismo marrom, desta vez com a participação generalizada da mídia dominante.
Quando ficou claro que a sucessão de manchetes não estava arranhando o favoritismo da coligação petista, os jornalões mudaram de assunto, trocando-o por outro.
O artigo é de Hideyo Saito.
Hideyo Saito
A acusação de que o comitê de Dilma Rousseff teria violado o sigilo fiscal de um grupo de pessoas ligadas ao PSDB e a seu candidato presidencial, José Serra, saiu das manchetes coincidentemente depois de confirmado que não está arranhando o favoritismo da petista, após feroz campanha que ocupou as manchetes da mídia oligopólica durante mais de três semanas. Nesse período, o assunto foi martelado diariamente, com manchetes anunciando supostos “desdobramentos” do caso, que, entretanto, não trouxeram qualquer prova da ligação dos fatos alegados com a coligação petista. Em 2 de setembro, aliás, o corregedor eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Aldir Passarinho Junior, já havia arquivado uma representação demotucana, que pedia nada menos que a cassação da candidatura Dilma, justamente por falta de provas. Mesmo assim a campanha da mídia – em dobradinha com a propaganda eleitoral do candidato tucano – prosseguiu, imperturbável.
A maior evidência de que se tratava de um factóide eleitoral de péssima fatura é que não houve qualquer uso de informações fiscais das supostas vítimas na campanha de Dilma ou de seus aliados. Aliás, a denúncia ganharia alguma verossimilhança se essa candidata estivesse desesperada por causa de pesquisas eleitorais desfavoráveis. Outro importante detalhe é que, como já lembrado, os fatos apontados remontam a setembro de 2009, quando Serra se engalfinhava com seu companheiro de partido, Aécio Neves, na disputa pela candidatura tucana. Naqueles dias, surgiram falatórios sobre o jogo pesado que ambos os lados estavam protagonizando.
O leitor atento poderia legitimamente questionar esse sumiço repentino da notícia: afinal, não diziam que se tratava de um fato capaz de por em cheque até mesmo a democracia brasileira? A oposição, incluída aí toda a grande imprensa e seus jornalistas mais subservientes, gastou toneladas de papel para alardear uma ameaça de mexicanização e o avanço do totalitarismo no Brasil. É legítimo questionar como um assunto tão transcendental desaparece das manchetes de uma hora para outra. Mas foi exatamente assim, sem qualquer cerimônia, que o assunto ficou relegado às páginas internas.
A mídia oligopólica, definitivamente, mandou às favas qualquer compromisso com a verdade, com a ética e com os mais comezinhos princípios do jornalismo. A sucessão diária de manchetes vazias desse caso lembra um lamentável precedente, clássico do jornalismo marrom, criado pelo hoje extinto jornal “Notícias Populares”, também do grupo Folha (ora, ora, eles têm tradição no ramo!). Trata-se da farsa anunciada em manchete da edição de 10 de maio de 1975: “Nasceu o diabo em São Paulo”. O jornalista Edward de Souza assinou involuntariamente a primeira matéria, que resultou de completa distorção do que havia sido efetivamente apurado na rua. O mais incrível é que a mentira foi sustentada durante quase um mês, em seguidas manchetes.
O texto da notícia tinha trechos completamente inventados, como este, de abertura: “Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiros e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo, a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do diabo, em carne e osso. O bebezinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além do olhar feroz, que causa medo e arrepios”.
O repórter conta que, longe de ser demitido, foi elogiado pelo presidente do grupo Folha, Octavio Frias de Oliveira, que o chamou a seu gabinete. Ele determinou ainda que a matéria deveria ter continuidade. Foram ao todo 27 “reportagens”, que ajudaram a elevar a tiragem do jornal de 80 mil para 200 mil exemplares diários, de acordo com Souza. Algumas das mirabolantes manchetes da série: “Bebê-diabo inferniza padre no ABC”; “Nós vimos o bebê-diabo”; “Feiticeiro irá ao ABC expulsar bebê-diabo”; “Viu bebê-diabo e ficou louca”; “Santo previu bebê-diabo”; “Fazendeiro é o pai do bebê-diabo” e “Bebê-diabo foge para o nordeste”.O ponto alto foi alcançado no dia em que o jornal “informou” que o bebê-diabo tomou um taxi e assustou o motorista quando ordenou: “Toca para o inferno”. Mas assim que o assunto começou a cansar, o jornal anunciou a fuga do seu incrível personagem. E a notícia saiu das capas do jornal de uma hora para outra, como aconteceu com o caso do sigilo fiscal.
Ambas as fraudes são similares, pois visam em essência enganar o leitor. O objetivo do “Notícias Populares” foi meramente o de ganhar dinheiro com a mistificação, que foi então desdenhosamente ignorada pelo resto da imprensa. Já a tentativa de induzir em erro os leitores atuais, atribuindo (explícita ou implicitamente) a responsabilidade pelas quebras do sigilo fiscal à candidata Dilma Rousseff, foi encampada pelo conjunto da mídia dominante (dizem que com a isolada – e significativa – exceção dos grandes jornais de Belo Horizonte) por ideologia. A imprensa transformou-se em defensora de uma candidatura que representa melhor os seus interesses – mas o faz fraudulentamente, como se não fosse parte visceralmente interessada na disputa eleitoral. E a primeira vítima dessa postura, como sempre, é a verdade.
(1) Segundo gravações de conversas telefônicas dos responsáveis pelo caso, que vieram à tona na ocasião, cogitou-se até envolver o “chefe” (isto é, o então presidente FHC) na negociata.
(2) Brasília Confidencial. Monstruosa armação. Brasília, 10/09/2010. Ver no endereço http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=21097.
(3) O depoimento do jornalista foi retirado de http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=5903.
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