Ao demonizar a história do aborto e acusar Dilma de matar criancinhas, a mulher do Zé se esqueceu de dizer que seu passado condena.
E como tudo o que se quer esconder um dia vem a tona, a notícia cai como uma bomba na campanha do Serra.
Não haveria nenhum problema a senhora Mônica Serra ter feito um aborto: isso é drama que toda mulher quer esquecer e pertence ao foro íntimo de cada uma.
No entanto, ao levantar o dedo acusador para Dilma, a mulher do Zé desvendou a face negra do mais puro moralismo preconceituoso.
E agora prova do seu veneno, ao virem à tona informações de seu passado.
Lamentamos que isso ocorra, claro, e somos solidários com a dor do aborto da senhora Serra, mas não podemos concordar com seu falso moralismo e com a demonização fascista de um assunto que deve ser tratado com cuidado e com respeito à própria condição da mulher.
Criminalizar a mulher que pratica o aborto é um crime maior do que a própria dor de cometê-lo e é estigmatizar para sempre um fato que devia ser discutido com profundidade – e sem preconceitos – pela sociedade.
Leiam as reportagens abaixo, e tirem suas conclusões:
O ABORTO DE MÔNICA SERRA
Num comicio no Rio de Janeiro, Mônica Serra – mulher do candidato José Serra, do PSDB - acusou Dilma Rousseff, do PT de ser a favor do aborto e de “matar criancinhas”.
No entanto, uma ex-aluna de Mônica relata em sua página no Facebook, que ela fez um aborto, durante sua passagem pelo Chile, quando o candidato lá se exilou, fugindo da ditadura militar.
A informação, publicada neste sábado (16) no jornal Folha de S.Paulo, é da colunista Mônica Bergamo.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1610201011.htm
De acordo com a colunista, a publicação localizou ex-aluna de Mônica, que confirmou a informação sob a condição de anonimato. Segundo essa professora de dança em Brasília, Monica disse ter feito o aborto por causa da ditadura.
Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher.
A Folha tentou falar com Monica Serra durante dois dias para comentar o relato das ex-alunas, mas não obteve retorno.
O jornal relata ainda que, um dia depois do debate da TV Bandeirantes, no domingo passado (10), a bailarina Sheila Canevacci Ribeiro, outra ex-aluna de Monica, postou uma mensagem em seu Facebook para deixar sua "indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema:
- Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas [ela é] uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética. Ela escreveu, segundo a Folha, que Serra não respeitava "tantas mulheres, começando pela sua própria mulher". A colunista relata outro questionamento de Sheila: "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse [sic] eleito presidente?"
Repercussão
O mesmo assunto foi publicado pelo portal R7
(http://noticias.r7.com/eleicoes-2010/noticias/mulher-de-serra-disse-que-fez-aborto-afirmam-ex-alunas-20101016.html):
Mulher de Serra disse que fez aborto, afirmam ex-alunas
Candidato diz ser contra aborto por "valores cristãos" e é questionado por mulheres
Do R7
A mulher de José Serra, Monica Serra, disse que fez um aborto quando estava no exílio com o marido, segundo ex-alunas dela do curso de dança da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A informação, publicada neste sábado (16) no jornal Folha de S.Paulo, é da colunista Mônica Bergamo.O candidato tucano diz ser contra o aborto por "valores cristãos", que impedem a interrupção da gravidez em quaisquer circunstâncias.
Esse discurso é questionado por essas mulheres, segundo o jornal.De acordo com a colunista, a publicação localizou uma ex-aluna de Monica, que confirmou a informação sob a condição de anonimato. Segundo essa professora de dança em Brasília, Monica disse ter feito o aborto por causa da ditadura. Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher.
A Folha tentou falar com Monica Serra durante dois dias para comentar o relato das ex-alunas, mas não obteve retorno.
O jornal relata ainda que, um dia depois do debate da TV Bandeirantes, no domingo passado (10), a bailarina Sheila Canevacci Ribeiro, outra ex-aluna de Monica, postou uma mensagem em seu Facebook para deixar sua "indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema.
- Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas [ela é] uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética.Ela escreveu, segundo a Folha, que Serra não respeitava "tantas mulheres, começando pela sua própria mulher". A colunista relata outro questionamento de Sheila: "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse [sic] eleito presidente?"
A história foi revelada por uma ex-aluna de Mônica que ficou indignada com a hipocrisia de Serra, durante o debate com Dilma, na TV Bandeirantes no dia 10 deste mês.
A ex-aluna contou em sua página na rede social Facebook que Mônica fez aborto durante o exílio com Serra. Após, a história ser revelada, outras ex-alunas também confirmaram seu relato.
Ao afirmar que é contra o aborto o casal está “posando” de bonzinho e defensor da moral e bons costumes para atrair os votos de pessoas religiosas. Porém, essas pessoas estão sendo enganadas, pois Mônica e Serra já praticaram o ato no passado.
Como podem perceber o candidato mentiu para os religiosos ao afirmar que é contra o aborto e esconder seu passado.
Outro portal que repercutiu a notícia foi o CORREIO DO BRASIL:
(http://correiodobrasil.com.br/ex-alunas-de-monica-serra-confirmam-relato-sobre-aborto/186052/)
Ex-alunas de Monica Serra confirmam relato sobre aborto
14/10/2010 15:06, Por Redação, do Rio de Janeiro e São Paulo
Alunas da então professora de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Dança, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Monica Serra, confirmaram nesta quinta-feira estar presentes à aula em que a mulher do presidenciável tucano, José Serra, relatou ter sido levada a interromper a gravidez, no quarto mês da concepção. A coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro revelou o fato após o debate realizado domingo, na Rede Bandeirantes de TV, em sua página na rede social Facebook.
Colega de Sheila Ribeiro, a professora de Dança de um instituto federal de Brasília, que preferiu não ter o seu nome citado “por medo do que essa gente pode fazer”, afirmou, lembra que no primeiro semestre de 1992, no segundo período que cursava na Unicamp, o depoimento de Monica Serra a impressionou.
Ela estava sentada no chão em uma sala de dança, onde não há móveis e apenas um grande espelho e a barra de exercícios, ao lado das colegas Kátia Figueiredo, que mora atualmente na Suécia, Ana Carla Bianchi, Ana Carolina Melchert e Érika Sitrângulo Brandeburgo, entre outras estudantes, residentes aqui no país.
– Eu confirmo aqui o depoimento da Sheila Ribeiro. Foi aquilo mesmo. A professora Monica Serra nos relatou que havia feito um aborto em um período difícil da vida do casal, durante a ditadura militar. Foi um fato tocante, que marcou a todas nós. Lembro-me que o assunto surgiu quando ela falava sobre a dissociação do corpo e a imagem corporal, que até hoje dirige meu comportamento – disse.
Pressão
Sheila Ribeiro, após o protesto consignado em sua página, disse nesta quinta-feira que, apesar da pressão dos meios de comunicação e de eleitores de todo o país que passaram a visitá-la no Facebook, não se arrepende de ter relatado a sua indignação ao perceber a mudança de atitude da professora que, em 1992, revelava às alunas um episódio marcante na vida de qualquer mulher, como o aborto realizado diante o exílio iminente, ao lado do marido, e a possível primeira-dama que, em uma campanha política, acusa a adversária do casal de “matar criancinhas”.
– Pior do que isso foi o silêncio do Serra, que deveria ter saído em defesa da mulher, fosse qual fosse a situação em que se encontrava ali, diante das câmeras – emendou a ex-aluna de Monica Serra.
Coreógrafa e doutoranda em Comunicação e Semiótica, na PUC de São Paulo, Sheila Ribeiro mora em uma “praia linda” e, apesar de estar no centro de uma discussão que mobiliza o país, faz questão de seguir a sua rotina de estudos e de trabalho.
– Procuro me manter leve. Respiro – diz, emocionada.
Sheila tem recebido, ao lado de agressões de partidários dos dois candidatos, o apoio dos amigos e “mesmo de estranhos que entenderam a minha indignação”, afirma. Das colegas que estavam ao seu lado, na oportunidade em que a mulher do presidenciável tucano optou por revelar um momento difícil da vida, também recebe a solidariedade e o apoio.
– Estou aliviada por ter visto a Sheila questionar toda essa hipocrisia que permeia a sociedade brasileira. Ela foi muito corajosa e só merece nosso aplauso – conclui a colega que, hoje, mora em Brasília e se destaca pelo trabalho também na área da coreografia e da dança.
Sem resposta
Com as novas entrevistas realizadas pelo Correio do Brasil, nesta quinta-feira, a reportagem voltou a procurar o presidenciável tucano na tentativa de ouvi-lo acerca dos depoimentos das ex-alunas da mulher dele, Monica Serra. O CdB o procurou, novamente, no Twitter, às 12h41:
“@joseserra_ Senhor candidato. Três outras ex-alunas confirmaram o relato sobre o aborto feito por sua esposa. O sr. poderia repercutir isso?”
Da mesma forma, foram encaminhados e-mails à assessoria de imprensa que, por intermédio de uma das assessoras, acusou o contato do CdB e ponderou que, se até o fechamento desta matéria, às 15h04, não houvesse qualquer resposta do candidato, como de fato não ocorreu, o fato deveria ser interpretado como sua recusa em tocar no assunto, em linha com a decisão tomada durante o debate.
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